Por: Eduardo Moraes
A comunicação não é uma ciência, mas mesmo assim, conhecer e saber aplicar na prática os conceitos dessa disciplina pode ser considerado uma arte.
A parte artística da comunicação se dá ao fato do profissional ser responsável por entender e decifrar tudo aquilo que uma fonte pode oferecer e ainda saber transmitir as informações de uma maneira simples e atrativa. Para isto o profissional deve conhecer um pouco do assunto em questão e dominar a arte de se comunicar e saber que para isto não basta falar sem pensar, em muitos casos a comunicação se dá no ato de ouvir.
Por exemplo: A entrevista. Em primeiro lugar, deve-se deixar o entrevistado à vontade, para isto, é preciso conversar sobre coisas do cotidiano e abordar assuntos presentes na mídia no momento, de modo a mostrar para a pessoa que a entrevista nada mais é do que uma conversa, um bate-papo, um momento em que a informação é o mais importante e a comunicação, neste caso, se torna o ato de conseguir esta informação da melhor maneira possível.
Quando um comunicador conta o que aconteceu ou está acontecendo, isto é chamado de notícia e fornecer informação nada mais é do que uma prestação de serviço à comunidade. Todos têm o direito e vontade de saber o que está acontecendo em sua cidade, no seu país e também em todo o planeta e cabe ao profissional da comunicação informar a população e também construir nas pessoas um raciocínio crítico sobre os temas que norteiam a sociedade.
E é exatamente neste ponto que mora um dos principais problemas na transmissão de informação, que é o fato do comunicador tornar a notícia tendenciosa. Ao reportar um fato todas as informações recebem o acréscimo das necessidades e ideologia de quem está informando. Deste modo, é possível fazer com que o um receptor de informação tenha simpatia ou antipatia pelo mesmo assunto, dependendo da forma como o tema foi abordado. Algumas teorias afirmam que o ato de transmitir uma notícia deve ser um reflexo da realidade, como um espelho que mostra exatamente o que está posicionando em sua frente. Porém notícia não é espelho e é impossível transmitir um fato do jeito que ocorreu, assim é importante que todos os receptores de informação possuam raciocínio crítico sobre os mais variados temas e deste modo, saber interpretar quando um fato está distorcido ou tendencioso.
É complicado para o comunicador transmitir informações do modo que aconteceram, pois o mesmo está entrelaçado com a opinião editorial do veículo em que trabalha, com os reflexos econômicos e sociais que determinada abordagem pode causar e, além disso, todo comunicador tem sua opinião sobre o tema. Neste ponto do texto você deve estar pensando… Já que é impossível transmitir um fato do modo que foi ocorrido, então como fazer para agregar cultura e formar raciocínio crítico na população?
Na realidade esta é uma pergunta bem difícil de ser respondida, pois para que a sociedade seja crítica, não basta à construção de textos jornalísticos e publicitários éticos. É preciso investimento em educação, desde a base até o ensino superior. Escola é o que não falta no Brasil, o difícil é encontrar instituições de ensino de qualidade, professores motivados e materiais didáticos condizentes com a realidade dos alunos.
Investir em educação é também apostar nos professores, pois eles também formam o raciocínio critico na sociedade. E para que o ensino seja de qualidade, não basta cobrar atitudes de autoridades políticas ou citar o tema em época de eleição, na prática é preciso participar da vida estudantil de cada aluno.
Para isto os pais devem acompanhar as matérias passadas, saber se os filhos estão participando das aulas, procurar saber como os professores estão abordando os temas e se os mesmos estão comparecendo na escola. Todas essas atitudes são de difícil e penosa execução, porém em um país onde a educação pública é lastimável, esta talvez seja uma das únicas maneiras dos futuros cidadãos se tornarem pessoas de bem, trabalhadoras, cultas e críticas.
Em uma sociedade assim até as notícias tendenciosas, quando escritas, não causam grande prejuízo em quem está recebendo a informação, pois este saberia distinguir as entrelinhas do texto transmitido. Na hora de arquitetar uma informação, o profissional da comunicação geralmente está preso a técnicas de construção de notícia e deve explicar quem está desenvolvendo ação, por que, quando, aonde e como o fato se desenvolveu. Assim em ao reportar uma notícia fica difícil para o comunicador incluir no texto elementos que agreguem na sociedade raciocínio crítico sobre os fatos. Difícil, mas não impossível.
Um dos meios é enaltecer a importância de uma sociedade livre de corrupção, colocar em destaque atitudes de descaso com o dinheiro público, mostrar os prejuízos que uma sociedade recebe ao ser conivente com atitudes deste tipo e trazer depoimentos de personagens que utilizam os serviços públicos como: transporte, educação e saúde. O trabalho do comunicador neste caso é incitar na sociedade o sentimento de mudança e da luta pela manutenção de uma sociedade justa e igualitária.
O fato descrito é apenas uma das atitudes que um profissional da comunicação pode tomar em prol da sociedade, mas não é somente quem trabalha com as palavras que possui essa responsabilidade, a formação de uma sociedade crítica depende da força de vontade de cada um.
Fonte: Portal Hunter