Para endividados, saída é planejamento financeiro a partir do 13º salário
Economista ensina que os bônus de final de ano devem ser usados para negociação das dívidas com objetivo de saúde financeira em 2015
Para começar o ano de 2015 com saúde financeira, especialista ensina que é necessário planejar. Para ele, as compras de final de ano só devem ser feitas com base no orçamento real e não nos bônus de final de ano, como o 13º salário. Além disso, o orçamento deve ser organizado com a certeza do que entra e sai e envolver todos os membros da família.
“A receita parece simples, mas, na prática, a realidade é bem diferente. As pessoas são cativadas diariamente por ofertas irresistíveis, além disso, o acesso às fontes de financiamentos e as facilidades no crédito são verdadeiras armadilhas prontas para capturar os consumidores”, destaca o professor de Economia da IBE Conveniada FGV, Mucio Zacharias.
Em pesquisa recente, o IBGE informou que cerca de 55% das famílias brasileiras estão endividadas e terão grandes desafios para retomar a normalidade financeira. Entre outubro de 2013 e o mesmo período de 2014, o percentual daquelas que estão com pagamentos atrasados mais de 30 dias passou de 7,2% para 10,3%. É o que também revelou uma sondagem do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, o FGV/IBRE.
Quando a situação chega ao ponto do endividamento, é que muitos equívocos foram cometidos. “O planejamento deve ser a palavra de ordem nesse caso. É uma questão de cultura. Devemos ter isso em mente e transformar em hábito, uma rotina de vida para toda a família”, ensina Mucio.
O professor também destaca que, obviamente, o descontrole e a falta de planejamento das famílias endividadas não podem ser resolvidos da noite para o dia, mas é um processo que irá resultar em saúde financeira e um futuro “maravilhoso”. “Pode até parecer sacrificial, e em algumas situação efetivamente será, mas deve ser encarado como um grande sacrifício em prol de todos”.
Mucio enumera, a seguir, as principais fases de um bom planejamento financeiro familiar:
Fase 1: Conheça a realidade
Quanto realmente você gasta e quanto você ganha? Utilize uma folha simples de papel e anote detalhadamente todas as receitas e gastos da família, mas lembre-se, disciplina é a alma deste projeto. Corte os gastos supérfluos e identifique a participação dos gastos prioritários. As sobras devem ser canalizadas para pagamentos das dívidas que serão renegociadas.
Fase 2: Ciranda financeira e dívidas impagáveis
O fundo do poço é atingido devido ao crédito em excesso porque depois não há viabilidade para pagar juros de 11% ao mês sobre as dívidas crescentes, a uma razão muito superior ao que cresce o salário anualmente: aproximadamente 7% contra 270%, absolutamente desproporcional.
Quando isso acontece, a saída é condicionada ao extremo arrocho Há também outra alternativo de barrar a ciranda financeira dos créditos rotativos. A família com dívidas impagáveis deve procurar uma renegociação nos feirões patrocinados pela justiça e pelas operadoras de cartões de crédito com a possibilidade de redução de mais de 70% das dívidas e parcelamentos a juros subsidiados pela justiça. Mas lembre-se, primeiro você precisa saber o quanto terá de fundo à disposição para pagar as dívidas, isto é, primeiro cumpra a fase 1.
Fase 3: Medidas contenciosas para consumidor disciplinado
ü Foque nas dívidas mais caras e tenha disciplina para alcançar os objetivos.
ü Mude de hábitos: crie a cultura de planejar.
ü Diminua ou pare de usar o cartão de crédito, da mesma forma que o cheque parcelado.
ü Na hora de comprar, lembre-se da pergunta: é desejo ou necessidade? Na dúvida, espere 15 dias.
ü Diminua as dívidas gradativamente, utilizando o dinheiro que sobra para pagar as dívidas; aproveite as rendas extras (13º salário, férias, bônus) e planeje para 2015.
ü Registre todas as suas despesas e faça um controle com planilhas ou cadernos
ü Valorize seu dinheiro: na dúvida, não gaste.
ü Tome cuidado com o Débito Automático: é importante saber o quanto se gastou no mês com água, energia, telefone, etc.
ü Recorra à poupança: muitos apresentam alguma reserva e pagam juros muito maiores que a rentabilidade da poupança.
“O aprendizado gerado pelo esforço conjunto para pôr em prática o planejamento financeiro exige sacrifícios, mas reforça os laços familiares e educa os filhos que levarão o exemplo para as próximas gerações, criando o hábito do planejamento financeiro familiar”, finaliza Mucio Zacharias.