A eleição se aproxima e percebemos as opiniões diversas em vários espaços de debate. Na contemporaneidade, os debates e discussões acontecem em grande parte nas redes sociais, entrecortadas por memes, opiniões de especialistas, cientistas políticos, militantes, partidários, jornalistas, economistas, pessoas de variadas culturas e experiências de vida e por um monte de fake news.
A participação das pessoas, não raras vezes, atestam opiniões acirradas, cujo objetivo parece incidir mais na perspectiva de ganhar o debate do que realmente discutir de forma propositiva, o que requer uma atitude de empatia e de acolhimento do outro.
Nesta perspectiva, a democracia nos proporciona um dos maiores exercícios de cidadania, que é o de poder discordar radicalmente do outro e, simultaneamente, garantir também de forma inquebrantável o direito de fala ao que diverge.
Interessante notar como a intolerância parece crescer em um discurso paradoxalmente anti-intolerância, em matizes que vão da esquerda à direita, passando pelos de “centro”. O espaço que deveria ser campo da racionalidade e da argumentação lógica parece ceder à passionalidade em viés semelhante à paixão futebolística, onde o outro passa, muitas vezes, de adversário à inimigo e, portanto, deve ser eliminado.
Outras narrativas assemelham-se a cultos messiânicos, cuja ausência de razão parece ser o fluído inebriante que mantém os adeptos à guisa de uma seita. Para muitos, a eleição tem sido a escolha do “em quem não votar” ou “de qual virtude você abre mão”, já que parece haver uma carência de lideranças que atendam um espectro que conjugue a ética, os conhecimentos necessários e o humanismo em um mesmo candidato.