O poder da postura, roupa e linguagem durante entrevista de emprego

O poder da postura, roupa e linguagem durante entrevista de emprego – Profissionais de RH apontam quais erros devem ser evitados durante processo seletivo e dão dicas para melhorar performance

Conquistar uma vaga de emprego não está fácil, mas o desafio pode ser amenizado se o candidato tiver alguns cuidados relacionados à postura, vestimenta e linguagem corporal. Além disso, também é importante saber o que não falar durante uma entrevista de emprego.

“A preocupação com o visual é importante, porque causar uma boa impressão no primeiro contato é fundamental durante um processo seletivo”, diz a coach Cibele Nardi.

Segundo ela, se a empresa é formal, é importante que o cuidado com a aparência seja rigoroso. “Mas se for mais despojada, ou com perfil inovador, é permitido um visual mais ousado e informal. Claro que isso depende do cargo ao qual a pessoa está se candidatando.”

Cibele salienta que a escolha da roupa pode dizer muito sobre a personalidade do candidato. “É importante que a pessoa se sinta confortável. Neste primeiro momento, a imagem de quem é entrevistado é feita pelo que ele veste e como se comporta. Tudo é avaliado.”

Professor da Fundação Getúlio Vargas e fundador da GC-5 Soluções Corporativas, Glauco Cavalcanti afirma que a capacidade de avaliar com precisão a linguagem corporal de um candidato tem impacto direto na qualidade da contratação.

“Por isso, os recrutadores estão cada vez mais atentos ao estudo de linguagem não verbal. Gerentes de contratação observam automaticamente a linguagem corporal do candidato assim que os conhecem.”

Cavalcanti afirma que, independentemente da aparência, o aperto de mão de um entrevistado já fornece informações cruciais. “Um aperto de mão firme, acompanhado de contato visual direto e um sorriso, indica um candidato genuíno e confiante. Por outro lado, o aperto de mão fraco sugere nervosismo ou desinteresse. Já o aperto de mão muito forte indica um candidato dominante, mas possivelmente inseguro ou insensível”, explica.

Segundo ele, um candidato atento, entusiasmado com a vaga, geralmente exibe postura ereta. “Inclinar-se para trás em uma cadeira indica tédio ou falta de interesse na entrevista. Fingir interesse também é sinal de impaciência ou inquietação.”
O comportamento de candidatos extremamente nervosos pode sugerir que eles estão inseguros em relação a sua adequação para a vaga. “Se o candidato não pode olhar o entrevistador nos olhos, isso indica uma série de coisas diferentes, que vão desde nervosismo à desonestidade.”

O professor acrescenta que os entrevistadores buscam coerência entre discurso e ação. “Neste sentido, a linguagem corporal deve estar em sintonia com aquilo que fala. De nada adianta usar roupa formal se sentar-se de maneira informal, com pernas abertas, braços espalhafatosos ou corpo deitado na cadeira. Não adianta falar em profissionalismo se o candidato gesticula de forma afoita e ansiosa. Coerência é a chave do sucesso e os recrutadores estão de olho nisso.”

Cavalcanti diz que a linguagem corporal é o reflexo externo do estado emocional que nos encontramos. “Cada gesto ou movimento é uma valiosa fonte de informação sobre a emoção que estamos sentindo naquele dado instante.”
Certamente, quando Matheus Franco foi fazer uma entrevista de emprego, definida por ele como ‘desastrosa’, nunca tinha recebido nenhuma orientação ou informação sobre como se comportar.

Formado em economia, história e geografia, hoje trabalha como professor. “O caso ocorreu quando cursava minha primeira graduação. Na época, também fazia curso em um quartel para ser soldado e tinha autorização para andar armado.”
Franco conta que participava do processo seletivo para a área de cobrança. “Durante a entrevista, a recrutadora perguntou qual seria o argumento máximo que eu poderia usar para fazer uma cobrança. Eu exibi meu revólver dizendo que poderia mostrar isso ao devedor. Ela ficou muito assustada e é claro que perdi a vaga.”

Pesquisa. Estudo online realizado pelo Núcleo Brasileiro de Estágio (Nube) coletou a opinião de 38.084 jovens pertencentes à faixa etária entre 15 e 26 anos. Eles responderam a seguinte questão: ‘Qual dessas atitudes você nunca tomaria em um processo seletivo?’ A resposta selecionada por 16.974 participantes aponta que chegar atrasado é a pior das ações, totalizando 44,57% dos votos.

Analista de treinamento do Nube, Jéssica Ferreira afirma que o atraso pode criar uma imagem de desorganização ou irresponsabilidade e eliminar o candidato de imediato.

“É claro que imprevistos acontecem, logo, é preciso se planejar com antecedência, desde a separação da roupa, documentos e currículo, além de conferir o trajeto até a empresa, considerando tempo e trânsito. A pontualidade mostra respeito pelo contratante e responsabilidade do candidato.”

Outra questão que recebeu 36,94% dos votos foi: ‘Relatar os defeitos do meu ex-chefe e da empresa onde já atuei.’
“Essa atitude pode ser mal vista pelo novo empregador e transmitir a sensação de falta de ética ou de respeito com relação aos demais”.

Jéssica diz que a saída, caso haja algo a ser relatado, é fazer isso com zelo e cuidado, para não denegrir a imagem de seu antigo gestor e, por consequência, a sua própria.

Cuidado com respostas que pegam mal nesse contato

Especialistas de recursos humanos afirmam que alguns tipos de respostas não devem ocorrer jamais. Um exemplo é falar muito em ‘tecniquês’. “Usar linguagem técnica e cheia de siglas soltas pode afastar o selecionador. Deixe para usar essas expressões quando passar para a fase da sua área. Saber se adaptar aos diversos cenários da seleção é uma jogada muito inteligente”, diz a supervisora de assessoria de carreira da Catho, Larissa Meiglin.

Demonstrar falta de foco e objetividade sobre a área de interesse também é um erro. Essa postura tirou Francisca Souza do páreo de alguns processos seletivos. Formada em radiologia, está cursando jornalismo e cometeu algumas gafes quando procurava vaga de estágio, com o objetivo de atender determinação do MEC, que exige 200 horas de estágio prático.

“Sempre que o recrutador perguntava qual era a minha área de preferência no jornalismo, dizia que estava procurando estágio em qualquer área. Depois de algumas experiências desse tipo percebi que estava cometendo um erro grave ao demonstrar total falta de foco. Então, comecei a me policiar.”

Depois disso, a tão sonhada vaga de estágio foi conquistada. “Passei no concurso da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e poderei estagiar até o final da faculdade, em 2018.”

Segundo Larissa, algumas perguntas pessoais podem surgir durante a conversa. “Esteja aberto para respondê-las e se achar muito invasiva, seja breve, mas nunca diga: Não te interessa”, orienta.

A especialista afirma que respostas monossilábicas indicam que a pessoa gostaria de estar em qualquer outro lugar, menos naquela entrevista. “Também é preciso ficar atento para não ser vítima do ‘sincericídio’. Sim, é preciso ser verdadeiro na entrevista, mas tenha cuidado.”

Larissa alerta que falar de dinheiro sempre é delicado. O correto é esperar o tema vir à tona e não colocar uma condição atrelada a uma resposta, como por exemplo, ‘tenho flexibilidade de horário, mas depende do salário.’
Outro comportamento que tem de ser adotado com moderação é o senso de humor. “Ele é ótimo e ajuda muito, mas desde que seja empregado de mãos dadas com o bom senso. Outra coisa, mesmo que esteja desempregado há muito tempo, deixe o desabafo de lado e foque nos seus diferenciais, na sua força de vontade e no quanto quer aquela vaga.”

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