O marco regulatório do setor das rodovias no país implica em muito risco, inviabilizando a participação da iniciativa privada nos leilões e prejudicando os investimentos em infraestrutura das estradas. É o que afirma o pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE), Maurício Canêdo.
“A concessão das estradas depende do risco percebido pelos agentes econômicos envolvidos no negócio. Como parte dos investimentos serão feitos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), as empresas temem que o cronograma não seja cumprido e os investimentos não sejam feitos. As empresas não têm como lidar com esses riscos”, explica o economista, ao destacar que a confiança do setor privado no governo é baixa em contrapartida aos riscos envolvidos na administração das estradas, os quais são muito altos.
Canêdo lembra os casos da BR 262 (que liga a cidade de Viana, no Espírito Santo, a João Monlevade, em Minas Gerais), em que o leilão culminou em fracasso, e o da BR 050 (que vai da cidade mineira Uberaba à Cristalina, em Goiás). No primeiro,não houve nenhum interessado. Já no caso da BR 050, vencido pelo Consórcio Planalto, participaram oito empresas, sem nenhuma empresa estrangeira.
A previsão é que o governo reveja alguns aspectos envolvendo o leilão da BR 262, ponto que para Canêdo merece atenção. Segundo o pesquisador, a falha está na modificação dos processos ao longo do tempo. “O leilão precisa ter regras bem desenhadas para que possa atrair um número grande de empresas. Sendo assim, a concorrência aumenta e os investimentos também. Caso contrário, se houve baixa procura, corre-se o risco de o próprio governo ter que investir”, conclui.
Fonte: FGV Notícias
