Indicadores da FGV confirmam desaquecimento do mercado de trabalho
Resultados mostram pior situação do país desde o auge da crise internacional em 2008/2009
O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da Fundação Getulio Vargas avançou 2,0% em abril depois de três meses consecutivos em queda. Ao passar de 64,9 para 66,2 pontos, o índice se mantém em um patamar extremamente baixo em termos históricos, sendo comparável ao do período entre dezembro de 2008 e março de 2009, auge da crise internacional. O resultado é ainda insuficiente para reverter a expectativa do cenário de desaquecimento do mercado de trabalho para os próximos meses, já que a variação do indicador de média móvel trimestral permanece em terreno negativo (variação de -3,7%).
“A leve melhora na margem das condições de emprego para os próximos meses, registrada pelo IAEmp, pode ser entendida apenas como um repique nas expectativas sobre o mercado de trabalho, após três meses de recuo contínuo”, afirma Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador da FGV/IBRE.
Quatro dos sete componentes do IAEmp variaram positivamente em abril. As séries que mais contribuíram positivamente para a subida do índice foram a avaliação do consumidor sobre as possibilidades de se conseguir um emprego nos próximos meses, que variou 10,8%, na margem; a percepção da situação dos negócios do setor de serviços para os próximos seis meses, que cresceu 6,0%; e a série de Emprego Previsto no setor de serviços, com variação de 5,7%.
O IAEmp é construído como uma combinação de séries extraídas das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor, tendo capacidade de antecipar os rumos do mercado de trabalho no país.
O Indicador Coincidente de Desemprego (ICD), da Fundação Getulio Vargas, por sua vez, avançou 2,9% em abril, atingindo 85,8 pontos – este é o maior índice desde julho de 2009 (86,3 pontos). A tendência de alta iniciada em abril de 2014 se mantém – variação acumulada é de 29,8%. O resultado sinaliza uma nova piora do mercado de trabalho em abril.
“A alta do ICD mostra que a taxa de desemprego deve continuar subindo em abril, como reflexo da piora da percepção do mercado de trabalho pelas famílias em todos os extratos de renda, com destaque para aquelas de renda média alta. Esse cenário mostra possivelmente que as empresas estão reduzindo as novas contratações, em particular, de empregos de maior salário”, aponta Moura.
O ICD é construído a partir de dados desagregados, em quatro classes de renda familiar, do quesito da Sondagem do Consumidor que capta a percepção do entrevistado a respeito da situação presente do mercado de trabalho. Desse modo, o indicador capta puramente a percepção das famílias sobre o mercado de trabalho, sem refletir, por exemplo, a diminuição da procura de emprego motivada por desalento.
Especialista aponta dicas para superar o momento
De acordo com a psicóloga, coach e professora da IBE Conveniada FGV, especialista em Gestão de Carreira, Eline Rasera, para quem ficou sem emprego, o melhor negócio é alavancar as competências, investindo em cursos, estudando um novo idioma, desenvolvendo o seu perfil da maneira que melhor atenda a realidade de cada um. “Mudar de carreira, aprender uma nova profissão é sempre bom, pois mudança gera crescimento e aprendizagem”, afirma.
“É certo que não é tão simples, pois mudar nunca é fácil, mas é possível. Exige foco, novos padrões mentais e um olhar com mais crédito para o futuro, sem perder o que temos de mais precioso: nossos valores”, explica.
Para Eline, finalmente, se não for estritamente necessário ouvir os noticiários, a dica é desligar a TV, reduzir acessos ao Facebook ou outra fonte de notícias (negativas) e buscar mais lazer com família, amigos ou mesmo ler um bom livro, meditar ou caminhar em lugares agradáveis. “Isso ajudará significativamente a manter a saúde emocional e reduzir o estresse, pois apesar de ser o momento difícil e importante, devemos e podemos manter nosso equilíbrio, integridade e nossa saúde!”, conclui.