Fluência em segundo idioma reforça a carreira – Quando tinha 24 anos, Caroline Colin decidiu juntar suas economias e viver por um semestre em Dublin, na Irlanda. A relações públicas estava desmotivada no trabalho, e queria aperfeiçoar seu inglês, já que só dominava o básico. Passados seis meses na terra de São Patrício, quando retornou ao Brasil, se deu conta de como o seu tempo fora do País lhe abriu portas. “Minha experiência no exterior foi determinante para que eu conseguisse um trabalho numa multinacional quando voltei.”
Essa situação acontece com muitas pessoas que decidem se arriscar e viver um período fora para impulsionar o aprendizado de um idioma. Hoje, no Brasil, apenas 5% da população dominam o inglês, e uma quantidade bem inferior têm fluência em dois idiomas além do materno. São justamente estas parcelas ínfimas que tendem a ser mais valorizadas no meio profissional.
Segundo a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Eliane Saad, se empenhar para dominar o segundo ou até terceiro idioma é o que pode fazer a diferença para se destacar no mercado de trabalho. E isso pode ser feito tanto em uma escola local quanto numa experiência no exterior.
“Hoje, na visão de empresas e recrutadores, falar bem o inglês é quase tão importante – e básico – quanto saber mexer num computador”, diz Eliane. O presidente da Associação Paulista de Recursos Humanos e de Gestores de Pessoas, Evandro Corado, defende que o profissional se empenhe para ir além do inglês. “O inglês é necessidade primordial. Como diferencial, ter um outro idioma, como o espanhol, pode ser interessante, até pela posição geográfica do Brasil”, diz ele.
Elaine e Corado são irredutíveis quanto ao nível de proficiência que os profissionais devem alcançar, seja qual for a língua. “O que conta realmente é a fluência. Muitos colocam no currículo que têm inglês avançado, mas não falam com fluidez”, diz Corado. Para Elaine, é isso que caracteriza uma comunicação plena. “Para ser fluente em um idioma, a pessoa não precisa falar tão excepcionalmente bem quanto um nativo da língua. O que é necessário é a capacidade de se comunicar integralmente, sem que exista qualquer barreira para compreender e se fazer entender.”
Para alcançar essa fluência, viver um tempo no país originário da língua é uma das estratégias mais efetivas. Intercâmbios de férias, de um, três, seis ou doze meses são capazes de transformar a dicção, o sotaque e ampliar o leque de vocabulário da pessoa. “Saí do Brasil achando que eu falava inglês avançado. Ao chegar a Austrália, percebi que, na verdade, meu nível era intermediário”, conta o consultor Sergio Inouye, de 29 anos, que viveu em Sidney durante um ano e quatro meses. “Nesse período, mudei completamente minha capacidade de me comunicar em inglês.”
A imersão na cultura, as atividades triviais e o contato com expressões do dia a dia dão um empurrão no idioma que dificilmente se aprende remotamente. Diretor da agência de intercâmbios Egali, Guilherme Reischl afirma que para que o tempo no exterior renda bastante, é recomendável já sair do Brasil sabendo falar e compreender ao menos o básico da língua que será aprofundada.
Para conquistar a fluência, outra dica valiosa é evitar ter um círculo de amigos composto apenas por brasileiros. “É muito fácil e confortável conviver com eles, mas é necessário um esforço para não estar sempre rodeado de pessoas com o mesmo idioma”, diz Reischl. “Algumas escolas internacionais têm punições para quem fala o próprio idioma em sala de aula.”
Inouye garante que a distância que manteve dos brasileiros foi crucial para seu crescimento no inglês. “Sinto que existe um magnetismo natural entre os brasileiros. Queremos conviver com eles. Mas é importante se conectar ao estrangeiros. Apesar de eles tampouco falarem o idioma perfeitamente, dá para praticar muito com eles”, diz.
Ascensão. Segundo o diretor da agência de intercâmbios Mundi, Alexandre Figueira, houve aumento significativo na procura por programas de intercâmbio, especialmente os de curta duração. “De 2015 para cá, o crescimento foi superior a 60%.” Entre os destinos mais procurados, Canadá, Estados Unidos e um que era pouco conhecido e agora cresce: Malta.
O biólogo Hugo Carreira, de 33 anos, está de malas prontas para St. Julians, em Malta, onde vai morar por três meses. Como é fã de destinos aventureiros, tem certeza de que vai gostar. “Estou otimista. Aprimorando o inglês, vou ter a chance de trabalhar com turistas estrangeiros, o que com certeza vai me abrir muitas portas.”
Reischl lembra que, seja qual for o idioma, o mais importante na hora do intercâmbio é optar por um destino que reverbere os gostos e interesses pessoais. “O ponto-chave é que a pessoa vá para onde tem vontade de conhecer. Depois é que se pensa no curso mais adequado”, diz.
This article was written by Paula Pauli / Especial para o Estado from Estado and was legally licensed through the NewsCred publisher network.
Fonte: Content Loop BR