Etanol: uma oportunidade perene

Etanol: uma oportunidade perene, diz Pedro Mizutani, da IBE Conveniada FGV, ao Panorama de Negócios

Etanol: uma oportunidade perene
Pedro Isamu Mizutani
Diversos são os desafios que o setor sucroenergético enfrenta nos últimos anos. A previsão do aumento do consumo de etanol, juntamente com a constante discussão pela melhoria de políticas governamentais são apenas algumas dos temas que norteiam o futuro do segmento. Porém, mais do que se atentar ao que ocorrerá nos próximos anos, o etanol precisa atingir metas essenciais para que, sobretudo, ele se torne uma commodity mundial.
Muito se fala sobre a eficiência produtiva e esta é definitivamente uma das chaves para que todos os players do setor sejam cada vez mais competitivos e para que a cadeia consiga driblar os impactos das intempéries climáticas, por exemplo. É preciso planejar bem o ano-safra, levar em consideração o preparo da terra, escolher bem a cultivar a ser plantada, acompanhar a sua evolução, ater-se aos mapas de precipitação de chuvas e investir em tecnologia para que a colheita resulte em um ótimo aproveitamento de matéria-prima. Na indústria o empenho também não pode ser diferente. O ponto nodal é estudar cada etapa do processo e garantir a produção ao menor custo possível, ou seja, ter o menor custo por tonelada de açúcar equivalente.
Entretanto, todo trabalho neste sentido precisa estar estritamente alinhado aos cenários econômico nacional e internacional. Por mais que o etanol tenha como base uma fonte inesgotável e menos invasiva ao meio ambiente, que é a cana-de-açúcar, novos contornos sempre são estabelecidos com o passar dos anos, principalmente no que tange ao estímulo de comercialização. A política de preços da gasolina é um bom exemplo, uma vez que incentiva o seu consumo em detrimento ao etanol. O preço praticado ainda é o maior driver no momento da escolha do combustível e, por isso, as tentativas do segmento em prol de incentivos são recorrentes.
O fato é que o Brasil produziu, somente na safra 13/14, 27,5 bilhões de litros de etanol, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). Este dado, associado à previsão de que em dez anos o mundo demandará um adicional de 26 milhões de toneladas de açúcar e o Brasil 62% a mais de etanol, justifica parte de sua importância. Por esse motivo, o setor segue apostando no biocombustível e em novas tecnologias. Um bom exemplo, é o etanol de segunda geração – produto feito a partir do bagaço, folhas, cascas e outros resíduos da produção de cana-de-açúcar. Ele é uma das alternativas para otimizar ainda mais a área plantada e driblar os altos custos das terras, em especial as novas de unidades de produção (greenfields).
A Raízen contará, ainda neste ano, com o lançamento de sua primeira unidade de etanol de segunda-geração. A fábrica está em fase de construção e terá plena sinergia com a unidade de produção Costa Pinto, localizada em Piracicaba (SP). Com a planta, serão produzidos cerca de 40 milhões de litros de etanol de segunda geração por ano, que atenderá demandas internas e do mercado internacional. Vale destacar que apenas ganhos estão envolvidos neste cenário e que a biomassa existente na unidade poderá ser aproveitada tanto para a geração de energia elétrica quanto para a produção do novo etanol.
Para a companhia, a experiência brasileira neste segmento se caracteriza como um verdadeiro alicerce. É ela que auxilia o setor na sustentação de investimentos em inovação, por exemplo. Desde 1975, quando ocorreu a primeira crise do petróleo e se deu início ao Programa Pró-Álcool, a atuação do setor sucroenergético colocou o país na vanguarda do mercado de combustível. E é neste lugar que deveremos nos manter.
E, em meio aos meandros de toda a cadeia produtiva, não podemos deixar de salientar que o etanol não deve ser visto apenas como uma alternativa para o momento em que o mercado está favorável ao seu consumo, ou seja, que os preços estão pareados com o da gasolina. Este biocombustível oferece uma ampla contribuição à redução de emissão de COna atmosfera, fator que impacta diretamente nas mudanças climáticas. É bom ressaltar que, no Brasil, possuímos condições naturais extremamente favoráveis para o cultivo de cana-de-açúcar e esta é a nossa grande vantagem competitiva em prol do estímulo à produção e consumo deste combustível. Somada a profissionais altamente especializados e investimentos de precisão no manejo, esse passo à frente se traduz em inúmeros benefícios para a sociedade e para o meio ambiente.
Pedro Isamu Mizutani é vice-presidente de Etanol, Açúcar e Bioenergia da Raízen e professor da IBE Conveniada FGV. Cursou pós-graduação em finanças pela Unimep, MBA em gestão empresarial e mestrado em gestão na FGV/Ohio University e tem especialização em gestão pela Kellog School Management, em Chicago.
Fonte: http://www.panoramadenegocios.com.br/2014/07/coluna-do-professor-pedro-isamu-mizulani.html
Pedro Mizutani

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