ESGOTAMENTO EMOCIONAL: você sabe o que é?
Você dorme, mas não descansa? A sensação de cansaço só aumenta ao longo do dia? Você se esforça para manter a concentração no trabalho, mas ideias novas não surgem e você se vê obrigado a apoiar os insights e proposições de seus colegas?
Um simples ato de leitura atenta se tornou a tarefa mais difícil dos últimos tempos? Sua memória já não é como antigamente e você precisa de auxílio constante da agenda eletrônica para ser avisado sobre as ações corriqueiras do seu dia a dia?
Você anda sem entusiasmo até para se encontrar com os amigos mais queridos e divertidos, preferindo ficar em casa de pijama (descabelado) assistindo um filme ou série quaisquer?
Cuidado. Você pode estar com a síndrome do esgotamento emocional.
Esse conjunto de sinais e sintomas nem sempre observados com a devida atenção atua como um silencioso e grave vilão, que se não for diagnosticado recebendo tratamento médico ou afim com seriedade e em tempo oportuno, pode desaguar em transtornos de ansiedade vinculadas ao contexto laboral como a síndrome de Burnout, por exemplo, ou numa depressão crônica: quando a tristeza profunda, a perda de interesse, a ausência de ânimo e oscilações de humor são difíceis ou quase impossíveis de serem revertidas, podendo levar o indivíduo à pensamentos e tendências suicidas.
Outros sintomas do esgotamento emocional negligenciados são: azia, dores de estômago, intestino que não funciona corretamente, dores de cabeça constantes e não diagnosticadas, vontade de chorar por nenhuma causa aparente, presença recorrente de pensamentos negativos, apatia ao lidar com situações adversas preferindo evitar confrontos necessários terminando por se ver obrigado a tolerar comportamentos abusivos para evitar atritos.
Esses indícios de esgotamento físico, mental e comportamental acometem geralmente pessoas submetidas a carga intensa e constante de stress. É que a dose excessiva e permanente de estímulos – que provocam excitação desenfreada e ampliação da secreção de cortisol e de adrenalina com inúmeras consequências sistêmicas indigestas (como a aceleração dos batimentos cardíacos e o aumento da pressão arterial podendo levar à morte precoce) – faz com que tais indivíduos vivam e atuem sempre num horizonte que ultrapassa a centralidade saudável (sobrecarga) de suas emoções e estados mentais.
Tal circunstância favorece a eclosão de diversas alterações orgânicas e ou funcionais acima identificadas, dada a difícil administração desses impulsos que transbordam os limites do suportável por qualquer humano normal.
Mas, como ocorre o start desses processos de esgotamento?
Tudo se inicia pela sensação de um simples cansaço e a percepção de que tudo voltará à normalidade após um bom fim de semana de descanso. Entretanto, em função da vida atribulada, da mudança de rotina em tempos de pandemia (por exemplo, incluindo aqui o indigesto isolamento social), do excesso de trabalho e de preocupações, da existência de leituras atrasadas, de revisões à espera e inúmeras outras demandas e problemas provenientes da vida adulta e profissional, diante desse complexo e fatigante cenário o necessário momento de lazer e descanso para recarga das energias e restabelecimento do bem-estar vai sendo postergado dia após dia. E, quando se percebe, já é tarde demais: os sintomas já estão instalados.
E ao serem percebidos, mesmo que se procure de imediato um especialista, muitos dos abalos psicológicos, dos desequilíbrios e distúrbios orgânicos são diagnosticados, algumas vezes, como um mal-estar passageiro o qual supostamente pode ser tratado com medicação comum. Medicado, o indivíduo por diversas vezes obtém o alívio momentâneo do físico exaurido e até mesmo do mental fatigado. Todavia, na maioria das ocorrências, a medicação ministrada apenas tampona o problema. Passado um curto período de tempo, outros sintomas eclodem e mesmo assim poucos são os peritos que se atentam para o tema do esgotamento emocional.
Isso se dá porque muitos dos sinais dessa anomalia se confundem com os de outras irregularidades que acometem o ser humano. Uma percepção relevante aponta para a correlação do aumento da suscetibilidade para doenças (queda da imunidade) e do aparecimento de diversos distúrbios que apontam para o esgotamento emocional como insurgentes após momentos conturbados, decorrentes de situações críticas, ou mesmo diante de problemas que insistem em se mostrar sem solução imediata e tiram o equilíbrio de qualquer cidadão.
Entretanto, mergulhados numa ambiência contemporânea que favorece os desequilíbrios, medos, incertezas, exaustão, como superar esses desafios cotidianos e evitar o esgotamento emocional?
Como superar o esgotamento emocional?
De antemão é relevante compreender que cada ser humano reage ao seu ambiente de um modo distinto. Sendo assim, os gatilhos que levam aos distúrbios emocionais, mentais e comportamentais igualmente se diferem de indivíduo para indivíduo. Pode-se afirmar diante dessa realidade que as causas são variadas, mas que todas levam a consequências e impactos negativos no ser humano.
Sendo assim, torna-se importante que cada sujeito realize uma autoanálise que oportunize um autoconhecimento capaz de detectar em tempo excelente o que está fora do normal aceitável em si mesmo. Isso porque o esgotamento emocional pode ser combatido por meio da mudança de hábitos, transformações no modo de vida muita das vezes simples, e que podem extinguir os fatores causadores do stress desmedido.
A dica é não ignorar os sinais de mal-estar e saber que somente você pode se comprometer em cultivar comportamentos saudáveis e frequentes em abandono às práticas nocivas à saúde. Se é impossível mudar de emprego neste momento e nem mesmo cortar laços com pessoas nocivas, atue no único campo onde você tem total autonomia para realizar mudanças: atue propositivamente sobre você mesmo.
Administre o stress por meio de atitudes afirmativas, cuide da alimentação fugindo dos ultraprocessados, beba água, coloque em prática seu hobby favorito, faça exercícios físicos de modo a fortalecer a musculatura corporal e regular o metabolismo, adote práticas de mindfulness, de yoga ou outra proposição que lhe ofereça bem-estar global.
Pesquisas vêm demonstrando que cultivar a gratidão também é um bom caminho a ser seguido, isso porque o fomento dos sentimentos e emoções positivos gera uma onda favorável de dopamina. Esse neurotransmissor é capaz de distribuir a várias partes do corpo informações que provocam a sensação de prazer aumentando o bem-estar e a motivação.
Mas, se depois de tudo isso instaurado, você perceber que alguns sintomas ainda persistem, não se esquive de procurar auxílio especializado de médicos, psicólogos, massoterapeutas e de tudo o mais que lhe servir de instrumental eficaz ao combate da síndrome do esgotamento emocional e de tudo que ela acarreta ao modo de ser e estar no mundo da vida.