Entenda: o que a redução da Selic tem a ver com a sua vida

Entenda: o que a redução da Selic tem a ver com a sua vida – O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, reduziu na noite de quarta-feira (19), a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, de 14,25% para 14% ao ano. A taxa estava nesse patamar desde julho do ano passado, quando alcançou o maior nível desde 2006. Pode parecer um corte pequeno, mas esta queda sinaliza o primeiro passo rumo a uma redução mais expressiva na taxa de juros.

Para a consumidora, a relação entre a decisão do Copom e o seu dia a dia pode parecer muito distante, mas vamos mostrar como a taxa Selic afeta as suas decisões financeiras.

Como ela afeta a economia (e chega até você)
A Selic é a taxa referencial da economia do País, ou seja, ela serve como referência para as outras taxas praticadas pelo mercado, influenciando a rentabilidade dos investimentos financeiros e os juros cobrados em financiamentos e na concessão de crédito em geral.

Quando a Selic está em um patamar baixo, ela tem o poder de dar gás à economia, impulsionando o consumo da população e o investimento das empresas, por exemplo. Os bancos também ficam mais interessados em emprestar dinheiro ao consumidor final e menos ao Estado – já que o governo não está remunerando tão bem. Quando está alta, por outro lado, ela desestimula o consumo, o investimento das empresas e faz com que as pessoas sejam levadas a poupar – já que as aplicações financeiras estão pagando bem.

“Considerando que boa parte das pessoas tem acesso ao consumo por meio das diversas modalidades de crédito, aumentando a Selic o governo diminui o poder de compra da população”, explica Múcio Zacharias, professor de Economia da IBE Conveniada FGV e diretor da Economies Soluções.

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Nesse jogo de aceleração e freio, a Selic é usada para controlar a inflação do País. Funciona da seguinte maneira: quando a inflação está alta, o Banco Central sobe a taxa, o que desestimula a produção e o consumo e ajuda a segurar o aumento dos preços. Por outro lado, quando a inflação desacelera (como o que está acontecendo hoje), a taxa de juros pode cair, para estimular o consumo, a produção e o crescimento.

“O que vemos nesse momento é que a inflação começou a dar sinais de desaceleração. Como a taxa de juros está em uma patamar muito elevado, abre-se espaço para o governo começar a baixar a Selic”, explica Zacharias. No ano, a inflação do oficial do País, medida pelo IPCA, acumulou 5,51% e nos últimos 12 meses, 8,48% – bem acima do centro da meta do governo, de 4,5%. Em setembro, entretanto, ela teve variação de 0,08% – a menor para o mês desde 1998.

Como ela afeta os seus investimentos em renda fixa
A taxa Selic serve também de referência para o CDI, uma taxa usada para os bancos emprestarem dinheiro entre si e que determina a rentabilidade de investimentos em renda fixa.

Para quem está preocupada com os seus investimentos, entretanto, Zacharias explica que a redução da taxa terá pouco impacto sobre a rentabilidade dessas aplicações. “Mesmo com a taxa de referência diminuindo, sem dúvida ainda estamos com uma taxa de rendimento real muito atrativa nos investimentos em renda fixa.” Ou seja: o rendimento pode até ser menor, mas a diferença dele com a inflação – o tal do retorno real – continua alto.

Como ela afeta as suas dívidas
A Selic também serve de base para as taxas de juros cobradas nas diversas modalidades de crédito oferecidas pelo mercado, como financiamentos, empréstimos e cheque especial. Existe, entretanto, uma desproporcionalidade entre esse valores. Neste ano, por exemplo, não houve aumento na Selic, mas a taxa do cheque especial subiu 34,1 pontos percentuais desde dezembro de 2015 – chegando a 321% ao ano, segundo o BC.

“As grandes companhias de crédito explicam o aumento dos juros por outros fatores, além da Selic, como a alta inadimplência. Para o consumidor final (que contrai crédito), portanto, a vantagem da redução não será sentida no curto prazo”, explica Zacharias. Isso significa que os juros cobrados nas suas dívidas permanecerão altos, por isso, é preciso continuar atenta ao endividamento.

Como ela afeta as dívidas do governo
Quem também tem dívidas a pagar é o governo. Com a Selic elevada, ele também é obrigado a pagar juros maiores. “Com as taxas elevadas, o custo da dívida pública se torna alto demais para o governo, o que gera um sério problema orçamentário”, explica Zacharias.

O resultado nominal das contas do governo – contabilizando os gastos com pagamento de juros da dívida pública – ficou em um déficit de R$ 62 bilhões em agosto deste ano. Isso significa que, hoje, o governo não está conseguindo ao menos pagar os juros da dívida. Por isso, a redução da Selic tem impacto importante sobre as contas públicas.

Fonte: Finanças Femininas

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