ENGAJAMENTO
Uma das competências mais desejadas no mundo corporativo é o “engajamento”, ou seja, estar envolvido e comprometido com as questões do negócio. Ainda assim, parece um tanto subjetivo. Quando um profissional está envolvido? Como uma organização percebe esse comprometimento?
Comportamento e resultado. Duas maneiras que ajudam muito a quem deseja mostrar-se engajado. E isso pode ser o diferencial das competências.
No estudo chamado “Tendências Globais do Capital Humano”, realizado pela consultoria Deloitte, com 2,5 mil líderes de recursos humanos de 94 países, onde desses líderes, 40 eram brasileiros, apenas “13% dos funcionários em todo mundo estão ativamente engajados no trabalho e mais do que o dobro disso está tão desengajado que é propenso a espalhar negatividade para os demais.” (O Globo/Economia-9.12.2014)
Porcentagem baixa para uma das competências mais desejadas. Muito baixa.
Quando um profissional está engajado revela visão sistêmica, ou seja, ele pensa e age de maneira sustentável, sentindo-se parte do processo como um todo.
Segundo Stella de Freitas em seu livro Inteligência Sistêmica, “se você não é parte da solução, então você é parte do problema”.
O profissional engajado tem uma postura, antes de tudo, altamente responsável por tudo o que faz, desde as tarefas do cargo e para a qual foi contratado, até onde suas ações podem causar impacto no ambiente e nos resultados. “Pensa grande”, procura resolver os problemas percebendo a si próprio como parte dessas questões e considerando tudo como parte de um sistema maior. Alêm disso, considera que as coisas podem ser isso, mas também um pouco daquilo, ousando numa infinidade de novas possibilidades que vão alem do limite estabelecido por padrões e condutas já estabelecidas. Não é uma pessoa sem foco, mas sim alguém que se expande a todo momento em busca de novas soluções, que trarão o máximo de benefícios para a empresa e para quem dela faz parte – stakholders.
Mas como conseguir que um profissional pense e haja com essa mentalidade? Parece que buscar esse padrão está na contra mão das gerações que estão cada vez mais instáveis. Puro engano. É essa mesma geração (X e Y) que mais se engajam nesse modelo.
A dificuldade pode estar na direção das empresas (empresários e gestores).
Primeiro é preciso que a organização tenha um propósito que se possa acreditar de fato, ou seja, coerência na missão visão e valores com o que se pratica; proporcionar condições para um trabalho estimulante (com desafios); ambiente e normas, onde se preocupa menos com a disciplina e mais com os resultados; capacidade de oferecer aprendizado e crescimento; opiniões que são respeitadas; a confiança sentida pela liderança e no todo, um ambiente em que se possa Ser e Ter.
Sim, compensação financeira, pacote de benefícios e um bom plano de carreira ainda são bastante atrativos, mas não mais suficientes para o funcionário “vestir a camisa”.
As organizações desejam resultados brilhantes e os profissionais, o brilho dos resultados. Esse engajamento é o que dará grandes resultados.
Um bom desafio para empresários e líderes e os recursos humanos.
Eline Rasera, psicóloga, coach e professora do curso de Pós-graduação em Administração de Empresas da IBE Conveniada FGV.