Educação continuada. Embelezadora de currículo?

Educação não é embelezadora de currículo.

O que te vem à cabeça quando ouve o termo educação continuada? Aposto que imediatamente você pensa em cursos de especialização ou pós-graduação: qual é o melhor, com melhor preço, qual instituição é a mais respeitada. É claro que estes são pontos importantes, mas eu acredito que  o pensamento em relação a esse assunto deveria  ir um pouco mais lá atrás.

Para mim, educação continuada tem a ver com atitude, com uma preocupação em cuidar da carreira e do desenvolvimento intelectual ao mesmo tempo.  Esta é uma responsabilidade individual que deve existir desde o início da sua vida produtiva.

Trata-se uma atitude perante você mesmo, um grande exercício de reflexão. Porque de nada adianta sair atirando feito uma metralhadora e fazer um curso atrás do outro para embelezar o currículo achando que, com isso, está se tornando mais competitivo. Cada experiência vivida merece ser cuidadosamente avaliada, repensada, e cada novo ciclo também demanda essa reflexão.

Por exemplo: Quais são os meus gaps? O que eu realmente preciso aprender? Esse curso vai me trazer uma nova e importante bagagem conceitual? Será que este é o melhor momento ou seria melhor adquirir um pouco mais de prática para que a troca posteriormente seja mais rica?

A prática e o desenvolvimento intelectual  precisam andar juntos, independentemente da carreira ou do nível hierárquico.  E, como todo investimento que se vai fazer na vida, é preciso avaliar com calma. Não se deixe levar pela pressão social do tipo “todo mundo tem que ter um MBA para se estabelecer no mercado”.  Essa decisão tem de fazer parte do seu processo de carreira.

O que tenho notado é que,  em meio a essa neura competitiva que presenciamos no mundo empresarial, o universo da educação se transformou significativamente. Além da explosão de universidades e cursos oportunistas de baixa qualidade, percebe-se uma mudança clara no perfil dos alunos nas escolas de pós-graduação e especialização, cada vez mais jovens. Se antigamente (e nem tão antigamente assim) as pessoas davam um intervalo de pelo menos três a cinco anos para entrar em uma pós-graduação com uma maior experiência prática, hoje é comum encontramos jovens de 23, 24 anos que acabaram de sair da faculdade ingressando imediatamente em cursos de MBA. Mas e a troca? E a experiência vivida?

Veja bem: eu sou uma grande incentivadora da educação continuada. Mas acho primordial que seja adotada de forma consciente e não apenas por modismo ou por pressão. A formação continuada tem de acrescentar valor ao seu desenvolvimento, e não apenas ao seu currículo. Um curso tem que ser escolhido pelo seu conteúdo, pela grade curricular e pelo corpo docente. Dessa forma, o retorno do seu investimento será medido pelo seu crescimento conceitual.

A vantagem do mundo moderno é que hoje a educação conceituada pode ser adquirida de diversas formas, e cabe individualmente a cada profissional avaliar qual delas melhor se encaixa às suas necessidades.  Você pode participar de workshops de negociação, pode fazer cursos de curta duração e há também os cursos on-line, que vêm crescendo a uma velocidade impressionante. Mas continuo insistindo na mensagem: pare e reflita. Cada coisa tem seu tempo.

 

*Artigo publicado originalmente na Revista Itaú Unibanco, ed. 33.

Fonte: Vichy Bloch, especialista e professora CEO FGV Internacional

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