Dólar atinge maior alta desde a criação do real
Para professor da IBE Conveniada FGV, Múcio Zacharias, a moeda americana pode continuar subindo
O dólar comercial atingiu sua cotação máxima na História, desde a criação do real, em 1º de julho de 1994. Nesta terça-feira, 22, a cotação da moeda americana ultrapassou a barreira dos R$ 4,00, pressionado pelas preocupações do mercado com as votações do “ajuste fiscal” no Congresso e com a possibilidade de o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, elevar os juros este ano.
Em 10 de outubro de 2002, às vésperas das eleições presidenciais e diante de um mercado perturbado por uma provável vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (que terminou presidente), o dólar chegou a ser vendido a R$ 4, mas desacelerou e fechou o dia a R$ 3,98.
Professor de Economia da IBE Conveniada FGV, Múcio Zacharias afirma que a cotação pode continuar subindo. “Essa era uma reação esperada por parte do mercado. O câmbio obedece a uma das leis mais básicas da economia, a da oferta e da procura”, explica.
O professor destaca que com a instabilidade brasileira, por diversos fatores, os investidores estrangeiros retiraram dólares do país. E se há pouca procura, o preço sobe. “Só voltará a cair quando houver mais dólares circulando, ou seja, quando os investidores perderem o medo de apostar em nosso mercado. Mas, para isso, o governo precisa fazer a lição de casa e oferecer propostas mais contundentes”.
Segundo Zacharias, para acalmar o mercado são necessárias ações pontuais e exemplos que comecem no centro do poder. “É preciso colocar o dedo na ferida, enxugar os gastos públicos e despachar a tal da pauta-bomba. Sem acordo com o Congresso, o Brasil perde ainda mais credibilidade e fica praticamente sem governo. Não consegue segurar a alta da moeda americana nem com a injeção de dólares do Banco Central no mercado. E o mais trágico é que o aumento do dólar frente ao real puxa também a inflação para cima”, conclui.