Desde os tempos mais remotos enfrentamos problemas, principalmente no mercado de trabalho. O fato é que, atualmente, devido a diversos fatores como a globalização, sustentabilidade, políticas ambientais, mudanças geopolíticas, etc., os desafios se tornaram cada vez mais complexos, nos forçando a desenvolver novas abordagens para superá-los e seguir adiante. Mas como fazer isso?
A resposta a essa pergunta pode estar no design thinking.
Através dele podemos pôr um fim nas velhas ideias e encontrar novos caminhos para solucionar os problemas atuais de forma criativa e inovadora.
O que é design thinking?
Antes de mais nada, precisamos entender que o design thinking é uma abordagem e não uma ferramenta ou método. Na realidade, ele se utilizará de um conjunto de ferramentas, métodos, ideias e conceitos para criar soluções e inovações de forma criativa.
Essa abordagem coloca o ser humano no centro do desenvolvimento das inovações e resoluções de problemas complexos, buscando sempre compreender o contexto atual por diferentes pontos de vista através de uma análise completa da situação.
Não é à toa que, para exercê-la de forma eficaz, são necessárias equipes multidisciplinares, as quais lançam diferentes enfoques sobre o problema. Dessa forma, o processo criativo ganha vida e facilita a busca por oportunidades de inovação e soluções.
Quem popularizou seu conceito foi o professor de Stanford, Rolf Faste. Mas, a adaptação para administração foi realizada por David Kelley, seu colega de faculdade. Tim Brown também é um grande disseminador da abordagem.
Para que serve o design thinking?
Como dito em sua definição, a principal finalidade é a resolução de problemas. Parece simples, não? Entretanto, o design thinking encoraja que essas resoluções sejam focadas nas pessoas, buscando entender o desejo do consumidor ou clinete, quais as tecnologias possíveis de serem utilizadas e a viabilidade econômica do projeto.
Apesar de usar o termo “design”, ele não está restrito às áreas de engenharia ou arquitetura. Ele pode ser usado na elaboração de produtos e serviços, no planejamento de uma reunião ou até mesmo na busca de um novo emprego.
Atualmente, já existem empresas que tem sua cultura centrada no design e cases de sucesso começam a ser divulgados como prova da eficiência dessa abordagem. Como exemplo de uma dessas empresas, podemos citar a GE Healthcare.
Certa vez, a empresa contratou um designer para desenvolver uma máquina de ressonância magnética com características lúdicas e infantis, a fim de incentivar crianças a realizar os exames.
Entretanto, mesmo implementando essas características, as crianças ainda tinham muito medo da máquina. O designer, então, utilizou o design thinking para solucionar este problema.
Ele começou a se reunir com diversas pessoas para obter insights de como deixar a máquina menos aterrorizante. Por fim, conversou com as crianças para compreender melhor a visão do mundo infantil. No final das contas, após reunir esses insights e aplicar mudanças na máquina baseando-se neles, as crianças perderam o medo de encarar o aparelho e realizar o exame.
Esse case de sucesso torna claro como o design thinking coloca o ser humano no centro da resolução do problema. Portanto, é seguro afirmar que ele é uma abordagem facilitadora, que não busca um paliativo para a situação, mas sim uma solução sólida.
Contudo, isso só ocorre se quem o aplica entende o contexto em que o problema está inserido. Se isso for feito, o idealizador do projeto é capaz de otimizar e identificar os melhores recursos para inovar.
Quais são os três pilares do design thinking?
Embora não seja um método, o design thinking possui uma estrutura que permite seu utilizador a ter um norte de como aplicá-lo corretamente. Essa estrutura é baseada em três pilares: empatia, colaboração e experimentação.
Empatia
A empatia pode ser definida como a compreensão da dor, sofrimento ou reação de uma outra pessoa em uma situação específica. Este pode ser considerado o principal pilar da estrutura do design thinking.
Você se lembra do exemplo da GE Healthcare? A princípio, o designer não compreendeu o sentido do sofrimento das crianças ao realizar o exame de ressonância magnética. Porém, após entender seu universo, conseguiu compreendê-lo e solucioná-lo.
Isso quer dizer que, toda vez que utilizamos essa abordagem, será necessário imergir na forma de pensar da pessoa, possibilitando prever seus anseios, necessidades, medos e reações, de forma a chegar numa solução customizada que satisfaça o usuário final.
Colaboração
O processo criativo é o coração do design thinking. Para que isso ocorra, a colaboração de pessoas com diferentes tipos de formações é essencial. Isso, porque as equipes multidisciplinares podem fornecer insights inovadores em determinadas situações para a pessoa que está desenvolvendo o projeto.
Voltando ao exemplo citado, se o designer contasse com a colaboração de uma pessoa especializada em psicologia infantil desde o início, pouparia esforços e recursos para chegar a uma solução eficaz.
Experimentação
Esse pilar é a parte prática da estrutura. Todo o estudo e teoria realizado nos pilares anteriores, se torna concreto na experimentação.
Nele, podemos observar se a solução que criamos será realmente útil nos mais diversos cenários. Aqui também é possível coletar feedbacks para realizar melhorias em suas resoluções.
Este processo é criado para evitar erros e até mesmo descobrir novas formas de encarar os problemas.
Como aplicar o design thinking?
Agora que sabemos seu conceito, utilidade e estrutura, fica a pergunta mais importante: como posso aplicá-lo? Para isso, foram desenvolvidas cinco etapas do design thinking: imersão, análise, ideação, prototipagem e testagem.
Continue a leitura para entender mais sobre cada uma delas.
Imersão
A primeira etapa é onde se desenvolve o conhecimento. A equipe que irá abordar o problema começa a discuti-lo a partir de diversas perspectivas. Assim como o próprio nome da etapa diz, é necessário realizar uma imersão no assunto, ou seja, não apenas entender o que é, mas também qual o contexto em que está inserido, as pessoas que serão afetadas e quais são suas necessidades, medos e desejos.
Como podemos ver, ela se relaciona diretamente com o primeiro e mais importante pilar da estrutura do design thinking, a empatia.
Aqui, será a primeira vez que as ideias serão levantadas para solução do problema e nessa hora se buscam as oportunidades para inovar. Através dessas ideias, é possível realizar o mapeamento dessas oportunidades para saber onde estão e como alcançá-las.
Se você for utilizar o design thinking numa empresa, uma análise SWOT, por exemplo, pode ser uma ferramenta muito útil neste momento.
Análise
Após realizar a imersão, é necessário analisar e ordenar todas as informações que foram coletadas naquela etapa. Essas ações facilitarão a visualização de padrões envolvidos no problema e o entendimento da lógica por trás dele.
Algumas ferramentas podem ser úteis neste momento, como os diagramas de afinidades, organogramas, mapas conceituais, entre outros.
A análise desses padrões permitirá identificar onde realmente está a melhor oportunidade de inovação.
Ideação
A partir da identificação da oportunidade de inovação, outro processo de criação de ideias é posto em execução. Aqui o brainstorming e workshops de cocriação podem ser utilizados para estimular um processo colaborativo. Por isso, todas as ideias são bem-vindas, mesmo as mais absurdas à primeira vista.
Neste momento, se torna evidente a necessidade de uma equipe multidisciplinar, capaz de analisar o problema em questão de diversas maneiras e ter opiniões sobre as reais necessidades do cliente. Todas essas ideias e opiniões ajudarão a definir a inovação que será realizada.
Como se pode ver, essa etapa se relaciona diretamente com o segundo pilar da estrutura do design thinking, a colaboração.
Prototipagem
Depois que a inovação for definida na etapa de ideação, a prototipagem se encarrega de torná-la material. Aqui você cria um protótipo da inovação para o problema, utilizando a maioria dos insights coletados nas etapas de imersão e análise.
Uma ótima alternativa para a prototipagem é o MVP (Mininum Viable Product), que se trata de uma versão simplificada do produto, requerendo um esforço mínimo da equipe e baixos custos, sendo lançado por um curto período de testes.
Após esse período, é preciso realizar a verificação dos resultados para se certificar que a solução atendeu as necessidades levantadas na etapa de imersão e análise.
Essa etapa se relaciona diretamente com o terceiro pilar do fundamento do design thinking, a experimentação.
Testagem
Nesta última etapa, o real desenvolvimento da solução é colocado em prática. Se os resultados da prototipagem forem positivos, você já pode criar a versão final da resolução do seu problema e lançar no mercado.
Caso os resultados da etapa anterior forem negativos, será necessário analisar quais foram os erros cometidos e quais são as melhorias que deverão ser realizadas para que o resultado realmente satisfaça as necessidades do seu cliente.
Os desafios não param e o design thinking se tornou fundamental para superá-los. Isto significa que o profissional moderno precisará buscar um aprimoramento contínuo em todas as áreas que compõe essa abordagem.
Utilize o design thinking como um grande auxiliador em suas tomadas de decisão. Com certeza ele o fará aumentar a assertividade das suas soluções, diminuindo sua margem de erros e te tornando um profissional de referência por onde você passar.
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