Desencontro entre as aspirações de profissionais e o atual modelo de relação de trabalho
Na semana passada falamos a respeito das reflexões sobre liderança que a pesquisa “Carreira dos Sonhos” nos trouxe. Para quem não conseguiu acompanhar, esse levantamento foi realizado pelo Grupo DMRH em parceria com Nextview People e contou com a participação de mais de 72 mil profissionais, entre jovens, média gestão e alta liderança. Hoje quero continuar o nosso papo a partir de um dos dados que mais nos chamou a atenção: nos últimos quatro anos, caiu de 77% para 50% o percentual de jovens que têm uma empresa dos sonhos. Quando olhamos para a alta liderança, também houve uma queda de 66% para 51% no mesmo período.
Acreditamos que esses números são bastante expressivos e que são um alerta para as organizações. Porque o interesse por atuar em uma empresa está caindo, mas a importância que se dá ao trabalho não. E isso pode ser observado quando vemos que o sucesso profissional aparece entre as três coisas mais importantes na vida dos três públicos ouvidos pela pesquisa. Os jovens ainda colocam o sucesso profissional como principal fator de realização pessoal.
Ao analisar essas respostas, é possível concluir que a proposta de valor que tem sido oferecida pelas organizações não está muito alinhada com as aspirações dos profissionais, independentemente do momento de carreira em que estejam. Observamos que o que todos querem é basicamente a mesma coisa: um trabalho que gostem de fazer, que tenha significado, gere um impacto positivo, que lhes proporcione desenvolvimento e que não ocupe todo o seu tempo.
Daqui em diante, as empresas precisam estar muito mais atentas para oferecer projetos desafiadores em um modelo de negócios que estabeleça relações sustentáveis com todos os seus stakeholders, se não quiserem, no médio e longo prazo, perder competitividade por falta de talentos. Salário continua sendo importante, claro. Mas quando perguntamos o que faria os participantes da pesquisa aceitar ganhar menos, o que apareceu em primeiro lugar para jovens, média gestão e alta liderança foi: equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
E você, concorda? Qual o modelo de trabalho dos seus sonhos?
Fonte: Sofia Esteves