Desastre administrativo

Desastre administrativo.

Desastre administrativo
Vieira Junior
Dunga é o novo técnico da seleção brasileira de futebol, se é que se pode chamar essa notícia de nova. Após quatro anos, ele volta com o mesmo ar de superioridade, ranzinza e cheio de razão. Solução velha para um problema velho, problema antigo para uma situação corriqueira. Erros que se repetem e chamam de “tolos” todos os que compreendem um pouco de gestão, administração e gerenciamento de projetos. Pedimos um projeto “Padrão Alemanha” e ganhamos um belo personagem de conto de fadas, com direito à dúvida se o que vemos é mesmo realidade ou fruto da imaginação.
Do ponto de vista da gestão, a reapresentação de Dunga é uma catástrofe. O comandante sequer pode ser chamado de “novo”, afinal já andou por esses lados em outras situações. Dizem no mundo corporativo que um líder precisa gerar confiança e respeito em seus liderados. Mas, se isso é mesmo verdade, a CBF está sendo simplesmente patética ao trazer de volta um funcionário que ela mesma demitiu há quatro anos.
Se a seleção brasileira fosse uma empresa, certamente estaria à beira da falência por pura incompetência administrativa. Em tempos em que o planejamento e a gestão tomam conta até mesmo das padarias de bairro, a entidade mandatária do futebol se porta como uma barraquinha de limonada dirigida por criancinhas que se esquecem de colocar açúcar na bebida. É impossível dar certo!
Para entender melhor o tamanho desse desastre administrativo, imagine que você tenha uma empresa e possua um funcionário que trabalha nesse negócio há alguns anos. Ele sempre te deu bons resultados, mesmo com o relacionamento sendo um ponto fraco, o que incomodava alguns investidores e clientes. Ainda assim, você o mantém no time e dá condições para crescer.
O tempo passa e você o coloca para liderar um dos maiores projetos da sua companhia, algo grandioso, que pode trazer investimentos e muito retorno financeiro caso o resultado seja positivo. Seu funcionário nunca liderou uma equipe antes, seus sócios e parceiros te alertam sobre isso, mas você confia nele. No fim de tudo, o resultado não vem e ele te decepciona, se esconde nas horas de maior dificuldade e ainda arruma briga com clientes, fornecedores e investidores. A imagem da sua empresa fica arranhada e você, em uma decisão unânime, resolve demiti-lo.
Para arrumar toda essa bagunça, você recorre a uma velha fórmula, um velho conhecido, alguém vencedor e que costumava agradar a todos os seus parceiros. Ele chega com a missão de resgatar a confiança de todos, tanto de dentro da empresa como de fora, mas também falha! A situação acaba ficando ainda pior. A empresa caminha passo a passo rumo a um lamaçal sem fim. Administrativamente, e até racionalmente, todos recomendam uma mudança geral, partindo da análise da real situação do negócio, e chegando a projetos inovadores que projetem o negócio para o futuro.
Toda essa mudança deve envolver novos líderes, com metodologias modernas e visões de trabalho amplamente ligadas com as novidades do mercado. Essa parece ser a única receita pra salvar o negócio. Então, o que você faria? Chamaria o antigo funcionário de volta? Foi exatamente o que a CBF fez: Dunga, Felipão e, novamente, Dunga.
Provavelmente, poucos administradores teriam coragem de apresentar o funcionário problema como solução para os acionistas. Dunga é um atestado de incapacidade e incompetência assinado pela CBF. É também uma “tapa na cara” dos que acompanham futebol. Hoje, infelizmente, o negócio parece ser gerido por pessoas que pouco se importam com o seu desenvolvimento e sequer ligam para a sua produção ou satisfação dos clientes. O que querem é se perpetuar no poder, mesmo que da forma errada e com a empresa obsoleta, caindo aos pedaços, 7 vezes decadente.
Vieira Junior, jornalista, pós-graduando em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas.
Fonte: Panorama de Negócios

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