Confiança da Indústria registra recuo no mês de dezembro
Para especialista, o reflexo da indústria é o que tem afetado toda a economia
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) da Fundação Getulio Vargas recuou 1,5% entre novembro e dezembro de 2014, ao passar de 85,6 para 84,3 pontos. A piora das avaliações em relação à situação atual exerceu a maior influência na queda do índice em dezembro: o Índice da Situação Atual (ISA) recuou 2,2%, para 84,0 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) registrou queda de 0,9%, passando a 84,6 pontos.
“Uma série de fatores contribuiu para a queda dos índices, que vem se deteriorando nos últimos 12 meses. Alguns exemplos são o BNDES com baixa rentabilidade para investir nas industrias, alta do custo de investimentos e o cenário político instável que resultou na queda do índice de confiança das indústrias,” resumiu o professor de economia da IBE Conveniada FGV e sócio-diretor do Economies Consultoria Empresarial, Múcio Zacharias.
O professor de Economia explica que, para pessoas que investem em baixos valores, como por exemplo carros, a economia não foi afetada tão drasticamente, mas para empresários e industriais que investem milhões em máquinas, o cenário é outro. “Com a economia instável, a base para esses investimentos é praticamente toda subsidiada pelo capital externo e, com a alta do dólar, a taxa de custos para os empresários é muito alta, o que torna os investimentos menores,” afirma.
O indicador que mede o grau de satisfação com o nível de demanda exerceu a maior influência na queda do ISA em dezembro. O indicador recuou 6,1% entre novembro e dezembro, ao passar de 81,5 para 76,5 pontos, revertendo boa parte da alta de 10,7% registrada no mês anterior. A proporção de empresas avaliando o nível de demanda como forte diminuiu de 8,8% para 7,6%, enquanto a parcela de empresas que o avaliam como fraco aumentou, de 27,3% para 31,1%.
“A queda do nível de demanda gera insegurança no emprego. O empregado passa a analisar as contas e ao perceber que a segurança da empresa está abalada, ele para de gastar, fazendo a economia parar também,” explica Zacharias.
Segundo o especialista em economia da IBE- FGV, o empresário não conseguiu repassar ao consumidor todo o valor gasto em sua produção, fazendo com que a indústria se endividasse, gerando uma queda no PIB industrial de 2,5% nos últimos quatro anos. E, automaticamente, reduzindo os níveis de produção.
O indicador de produção prevista exerceu a maior contribuição para a queda do IE, ao recuar 4,6% sobre o mês anterior, para 109,4 pontos, o menor nível desde julho (106,8 pontos). A proporção de empresas que preveem aumentar a produção nos três meses seguintes caiu de 35,0% para 32,4%; a parcela das que esperam reduzir a produção aumentou de 20,3% para 23,0%.
“O empregador vai ser obrigado a demitir para se manter. O reflexo da indústria é o que está contaminando toda a economia,” conclui Zacharias.
Segundo o presidente da IBE Conveniada FGV e executivo Heliomar Quaresma, “2015, ao que tudo indica, será um ano de desafios e superações. Mesmo que neste ano não tenhamos a Copa do Mundo e tampouco as eleições, os ajustes para que voltemos a crescer de forma sustentável exigirão sacrifícios a todos, como já pudemos perceber com as medidas do governo. E em cenários complexos, temos que estar preparados para as adversidades”. Por isso a IBE Conveniada FGV tem buscado oferecer a melhor formação executiva no tempo de carreira de cada participante, desde executivos juniores até CEOs de empresas nacionais e multinacionais. “Também, a fim de driblar este cenário adverso, integramos a InterSector Alliance, que é uma consultoria ampliada com acordo de resultados e que tem uma metodologia única para gerar valor compartilhado para empresas, organizações sociais e governos.”, reitera o presidente.