Brasil é o penúltimo em investimento em educação segundo ranking
Investimento pessoal é uma das saídas para driblar a crise e conquistar melhores vagas
Segundo relatório do panorama da educação apresentado pela Education At a Glance 2014, em Paris, o Brasil ocupa a penúltima posição entre os 35 países analisados no quesito investimento educacional nos ensinos fundamental, médio e superior. De acordo com o estudo, o gasto médio anual brasileiro por estudante em 2011 foi de U$ 3.066 e só supera a Indonésia com U$ 625. Os valores são inferiores à países como Turquia, México e Hungria, além de muito distante da Suíça (U$ 16.090) e Estados Unidos (U$ 15.345).
A falta de investimento em educação é sentida principalmente, por setores estratégicos ligados à tecnologia e indústria que já apresentam carências de qualificação para preenchimento das vagas disponíveis. Uma das medidas que vem sendo adotados pelo governo, é a flexibilização o ingresso de trabalhadores para postos de menor complexidade o que pode deixar os brasileiros em desvantagem em relação aos países que possuem maior investimento em educação. O assunto é tema de uma proposta da União chamada Estatuto do Estrangeiro, tramita há quatro anos e já passou pela Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados em 2012.
Atualmente, antes de contratar um estrangeiro, é preciso comprovar qualificação profissional, escolaridade e experiência compatíveis com a atividade. Além disso, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) exige demonstrativos que atestem a carência de especializações similares no mercado nacional e apenas os sul-americanos estão livres da obrigação.
Diante da má formação pública e da concorrência de profissionais estrangeiros, a solução adotada pelos brasileiros é a busca por especialização e nesse caso, é preciso entender esse quesito como investimento e não como despesa. “Não é diferente com a saúde e outros setores, o cidadão tem que investir para obter um serviço de qualidade. No caso da educação é ainda mais sério porque é através da profissionalização que o indivíduo terá condições de lutar por uma boa vaga no mercado de trabalho. Vemos hoje, postos disponíveis sem pessoas capacitadas para preenchê-los”, comenta o Gerente Executivo da Associação Comercial e Industrial de Rio Claro, Clóvis Delboni.
Para Heliomar Quaresma, Presidente da IBE Conveniada FGV, uma das instituições mais conceituadas internacionalmente em pós-graduação e MBA, esses cursos potencializam as possibilidades, ampliam o conhecimento, permitem uma atualização em tendências e promovem networking de alto nível. “O mercado de trabalho tem absorvido melhor os profissionais que apresentam níveis mais avançados de pós-graduação. Quando recebemos o currículo de quem já fez ou está cursando um MBA, entendemos que há interesse e disposição em aprimoramento, uma característica fundamental nos dias de hoje. Quem não se atualiza, fica obsoleto rapidamente”, ressalta.
Entretanto, o país ainda esbarra em outra questão igualmente importante. Parte da população enxerga o investimento educacional como despesa, o que muitas vezes, emperra o desenvolvimento profissional do cidadão. “É uma questão cultural, imediatista, as pessoas preferem comprar um carro, roupas, sapatos, itens que o promovam socialmente, ao invés de investirem em formação que o promovam intelectualmente e a médio e longo prazo poderiam possibilitar muito além do que ele adquiriu naquele momento”, explica a psicólogo Vanessa Paglioni.
Assim, sai na frente quem conseguir diante de um país com baixo investimento educacional e altamente voltado para a satisfação imediata, traçar um planejamento estratégico para a própria vida, buscando a formação necessária para a conquista de um bom emprego no mercado de trabalho. “Acreditamos que é de suma importância que tenhamos profissionais preparados na teoria e na prática das áreas estudadas, mas que também tenham uma preocupação e um compromisso com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e melhor. Assim, a formação agrega valores que transcendem o desenvolvimento econômico e alcança patamares inestimáveis”, destaca Quaresma.