Especialista da IBE Conveniada FGV afirma que aumento na tarifa de energia pode chegar a 15% em 2015
Enfrentando uma das maiores crises hídricas da história do sudeste do país, os brasileiros encaram um dos momentos mais críticos do setor elétrico. Com apagões se tornando mais frequentes e temidos, o coordenador do MBA do Setor Elétrico da IBE Conveniada FGV, Diogo Mac Cord de Faria, fala dos fatores que devem ser considerados para analisar a situação atual.
De acordo com Faria, os principais desafios que o setor enfrenta são a falta de planejamento e equilíbrio das normas utilizadas. “Hoje temos um desequilíbrio estrutural no setor elétrico. Nós só não vivemos um racionamento em 2014 porque o país não cresceu o esperado. Nós temos um déficit na geração de energia e essa é a primeira coisa que precisa ser resolvida para garantir a oferta de energia nos próximos anos,” afirma.
O segundo desafio, segundo o coordenador, se relaciona à estabilidade das regras que a população vive desde o final de 2012, um cenário complicado que tornou-se instável com o decorrer dos anos. “O segmento foi visto por muito tempo como equilibrado, confiável, mas de dois anos para cá ele sofreu muito com mudanças de regras, o que gerou uma insegurança jurídica. Isso afugentou alguns investidores,” explica.
Além dos dois principais fatores, Faria fala sobre o aumento vulnerável de profissionais da área, que precisam se atualizar diariamente e buscar frequentemente na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) as novas soluções normativas. Ele ainda ressalta as dificuldades enfrentadas pelas concessionárias.
“Os funcionários devem estar atualizados para entender o funcionamento da empresa, que por sua vez sofre com as regras por trabalhar em modelos institucionais. Por exemplo, quando sofre algum déficit ou prejuízo nas operações, a empresa não pode inflacionar seus gastos e aumentar as tarifas, porque, para isso, é necessária autorização da Aneel,” ressalta Faria.
Sobre o aumento atual das tarifas, Faria explica que é um ajuste necessário que pode variar entre 10% a 15% no decorrer de 2015. “O Brasil ainda depende muito das térmicas, que possuem um custo 30% maior que as hidrelétricas. O gasto para produzir energia é muito maior que o valor pelo qual ela é vendida. Aumentar as tarifas é necessário para estabilizar e manter um equilíbrio no setor”, finaliza.