Ambiente econômico influencia intenção de compra, diz IBRE
As tentativas do governo de injetar fôlego no consumo e aumentar o crédito disponível não foram suficientes para elevar a intenção de compra.
Os consumidores brasileiros não estão dispostos a comprar bens duráveis por enquanto. É o que aponta a Sondagem do Consumidor feita pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV/IBRE), que capta a intenção de compra relacionada ao momento atual da economia e às finanças pessoais do consumidor. Atingindo mínimas históricas, o indicador revelou que 91,9% dos consumidores não têm planos de comprar um automóvel. No caso dos imóveis, a intenção é ainda mais baixa: apenas 2,4% pretendem adquirir uma casa ou um apartamento.
A coordenadora da pesquisa, Viviane Seda, vê o recuo de intenção de compra como uma consequência do momento econômico do país. “Esse comportamento vem sendo influenciado pelo aumento de incerteza na economia, que advém de uma preocupação com mercado de trabalho, inflação e taxas de juros mais altas que impactam diretamente no orçamento do indivíduo”, explica.
As tentativas do governo de injetar fôlego no consumo e aumentar o crédito disponível não foram suficientes para elevar a intenção de compra. “A redução também está relacionada ao efeito ‘cíclico’ do próprio produto. Ou seja, as compras foram antecipadas pelo IPI reduzido e pelo crédito que estava disponível, mas a economia desacelerou e há um aumento do endividamento das famílias”, conta a coordenadora.
Para os próximos meses, ainda não está claro se o comportamento de cautela observado continuará. “Houve uma melhora nos resultados da Sondagem do Consumidor em julho, influenciados, em parte, pelos efeitos da Copa do Mundo nas capitais pesquisadas. Mas ainda estamos em níveis muito baixos em termos históricos. Por isso, é importante aguardar os próximos meses para verificar se essa tendência se mantém”, afirma Seda, que também ressalta a necessidade de o país criar um ambiente favorável para compras a fim de reverter o quadro atual. “O consumidor, que já tinha se tornado mais cauteloso em relação ao consumo, precisa de sinalizações favoráveis no ambiente econômico para se sentir novamente seguro para voltar a comprar”, conclui.
Fonte: FGV