A banalização da TI

A banalização da TI
 Rodrigo Landucci
Ultimamente tem-se banalizado em muito a terminologia TI, promovendo, muitas vezes uma amplitude exacerbada do termo para descrever tudo que envolve, quaisquer componentes de tecnologia.
Rodrigo Landucci
Até muito pouco tempo atrás, e diria, hoje também em muitas empresas o departamento de TI ainda é considerado o que podemos chamar de “curva de rio”. Para uma descrição breve do que isto significa, curva de rio é um local onde toda matéria que é deslocada pela sua ação tende a parar, provocando um acumulo de material em suspensão e por vezes até bloqueando o seu curso, transpondo para o mundo dos negócios, a TI é um departamento que deve ter a resposta para tudo aquilo que ninguém sabe onde perguntar ou como resolver. A exemplo deste caso, temos em muitas organizações, sob a responsabilidade direta da TI, problemas relacionados à manutenção de infraestrutura, seja predial, elétrica, tecnológica ou de máquinas.
A confusão é tamanha, que com o avanço da tecnologia, equipamentos outrora manuais se tornaram automáticos/eletrônicos e, portanto, sob a responsabilidade da TI, uma vez que sua operação depende de programas e, por sua vez, do uso de computadores com seus sistemas de informação.
Tamanho é o problema que em muitas organizações a TI passou a ser um dos principais departamentos senão o principal e o que era para ser apoio ao negócio passa a ser parte decisória dos rumos das organizações, influenciando na estratégia de ação das empresas no mercado e muitas vezes ditando as regras, o que pode acarretar em tomadas de decisão erráticas.
Para analisar este caso e conseguir enxergar além deste horizonte, é necessário entender toda a complexidade envolvida. Analisando a etimologia das palavras que o compõe:
·         O que entendemos por informação? Do dicionário é o “Ato de Noticiar”, “Esclarecer”, “Dar forma ao intangível”;
·         E o que seria a informática? “É a ciência que se ocupa do tratamento automático e racional da informação, suporte dos conhecimentos e das comunicações e está associada a utilização de computadores e seus programas”;
·         E o que seria então a tecnologia? “É a ciência cujo objeto é a aplicação do conhecimento técnico e científico para fins industriais e comerciais”.
Destes três conceitos surge o de Tecnologia da Informação ou somente TI, consistindo em uma fusão de informação com informática e tecnologia.
É praticamente impossível viver sem a sua interação, por mais remoto que seja o local onde se reside, direta ou indiretamente estamos ligados a tecnologia da informação. Seja utilizando bancos, enviando ou recebendo mensagens por e-mail, efetivando compras, mesmo que diretamente no local da venda, fazendo uma ligação ou até mesmo, passivamente, sendo monitorados por sistemas via satélite.
Uma das grandes preocupações das empresas e diria, até da nossa geração é o quanto impactante é a sua influência na produtividade funcional e por conseguinte nos negócios. Até pouquíssimo tempo atrás, evitar fatores improdutivos era uma tarefa de gestão que podia ser produzida adotando-se ferramentas de gestão de pessoas e TI. Contudo, as facilidades ofertadas pelo mercado atual para o uso das tecnologias, incrementam mais um desafio neste “caldo”. Como evitar fatores de improdutividade, com os atuais métodos de medição e controle, uma vez que o funcionário não está se utilizando de equipamentos da organização para o contorno destas regras, sem ferir os direitos legais (jurídicos) do cidadão e mais do que isso, trazê-lo de volta ao foco do trabalho? Como criar esta motivação?
As gerações advindas das décadas de 80, 90 e posteriores ao ano 2000, não aceitam mais as regras impostas de outros tempos, não se motivam mais por fatores de aumento financeiro, enfim, não se comportam mais como as gerações anteriores. Discussões à parte, se o erro foi de uma forma ou de outra de promover sua criação, ou se a culpa é da própria evolução humana, isto não mais importa. O que nos preocupa agora é como resolver, e, talvez, estejamos até nos fazendo as questões erradas. Será que deveríamos estar preocupados em resolver, ora, para revolver algo deve-se ter um problema, será que o estamos raciocinando o caso erraticamente? Esta questão permeia os sonhos dos pensadores e administradores de nossa geração. Como dito por um desconhecido, talvez tenhamos que começar “pensar fora da caixa”. Será que o não estaríamos tentando tratar uma doença que não existe, ou pior que não tem cura? A história nos conta que, estamos em constante evolução e adaptação. Será que não necessitaríamos de uma adaptação de nossos conceitos, não estaríamos passando por um processo evolucionário?
Um fator importante é que evoluímos mais tecnologicamente nos últimos 200 anos, do que nos 2000 anteriores. Se pararmos um momento para pensar, talvez percamos o ponto de decisão, tamanha é a rapidez com o qual a tecnologia evolui. A pouco mais de 50 anos não havia o conceito de computador pessoal, hoje nem conseguimos mais trabalhar e sermos competitivos sem eles.
Não se pode negar que a tecnologia traz mais benefícios do que malefícios aos negócios, nesta afirmação iria mais fundo, diria que sem a tecnologia, não seria mais possível manter um empreendimento competitivo no mercado. Melhor que isso, em alguns casos o sucesso do negócio dependeu de ações de tecnologia tomadas de forma assertiva no momento correto.
Analogamente, como na descoberta das possibilidades de utilização da energia nuclear, o seu uso para finalidades pacíficas é uma grande vantagem estratégica, sua utilização como arma também o é. A TI, com toda a certeza, desde que bem utilizada, pode ser um grande fator para o sucesso ou de fracasso, basta para isso que as decisões para o seu uso sejam tomadas com foco nos horizontes do seu mercado, estrategicamente alinhado ao seu negócio.
Rodrigo Landucci é professor de pós-graduação em Administração de Empresas da IBE Conveniada FGV, é especialista nas áreas de Gestão de Pessoal, Marketing Empresarial, Técnicas de Comunicação, Tecnologia da Informação, Gestão de Projetos, Liderança, Negociação e outros.
Fonte: Panorama de Negócios

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